Dezesseis colégios de
referência já testam ensino médio em tempo integral no Estado, mas secretaria
não vai conseguir atingir meta de ampliação do programa prevista para 2013
A
criação de escolas de referência para a melhoria da atratividade do ensino médio é um dos pilares do Programa Educação:
Compromisso de São Paulo, lançado pela secretaria estadual para posicionar a
rede paulista entre as melhores do mundo até 2030. Inicialmente testado por 16
escolas em 2012, o modelo seria expandido para 100 escolas no próximo ano e, de
acordo com o secretário Herman Voorwald, chegaria a 300 unidades até o fim
desta gestão (2014).
O Observatório da Educação solicitou a lista das escolas consultadas para fazer parte do Programa já no ano que vem. Das 76 escolas convidadas oficialmente pela secretaria, apenas 32 aceitaram aderir ao projeto. De acordo com o governo, as unidades passaram por um processo de consulta ao Conselho Escolar, “uma vez que a participação no Programa Ensino Integral ocorrerá mediante adesão de toda a comunidade”.
O Observatório da Educação solicitou a lista das escolas consultadas para fazer parte do Programa já no ano que vem. Das 76 escolas convidadas oficialmente pela secretaria, apenas 32 aceitaram aderir ao projeto. De acordo com o governo, as unidades passaram por um processo de consulta ao Conselho Escolar, “uma vez que a participação no Programa Ensino Integral ocorrerá mediante adesão de toda a comunidade”.
O
modelo de ensino integral que está sendo implantado é baseado na experiência do
Instituto de Coresponsabilidade pela Educação (ICE) em Pernambuco. Isso implica
um novo modelo de gestão, reformas e melhorias nas escolas, professores em
regime de dedicação exclusiva e o desenvolvimento de “projetos de vida” pelos
estudantes. O ICE mantém uma equipe em São Paulo, atuando na secretaria, e todo
o custo da consultoria é pago pelas empresas parceiras.
Não
há materiais públicos sobre o modelo pedagógico usado em São Paulo. O Observatório
da Educação solicitou os documentos à secretaria, mas a pasta informou que o
produto da consultoria do ICE não lhe pertence. Ou seja, nessa parceria
público-privada, o produto da consultoria fica do lado privado.
Critérios
de escolha
Os 16 colégios selecionados para iniciar o projeto representam 0,3% da rede.
Mesmo que atinja a meta de 300 escolas até o fim de 2014, o modelo só seria
implantado no equivalente a 5% do universo das mais de cinco mil escolas
paulistas. Segundo a coordenadora do programa do governo, Valéria Souza, o
critério inicial é que sejam escolas exclusivas de ensino médio com condição
básica de infraestrutura para abrigar os alunos em tempo integral.
O
Alves Cruz, uma das duas escolas que testam o modelo atualmente na capital, teria
sido uma exceção (por não ter as condições básicas de infraestrutura). “O Alves
é a nossa exceção querida. (...) Ela tem um espaço menor entre as escolas que
entraram. Então a intervenção física foi maior”, explicou.
Das
21 consultadas em 2011, 16 aceitaram iniciar o ensino integral em 2012. São
Paulo tem poucas escolas de ensino médio exclusivo, o que dificultaria a
implantação do modelo.
Para
Ana Paula Corti, doutoranda na Faculdade de Educação da USP e docente do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), o
ensino integral é uma proposta que exigiria mais cuidados na implementação:
“uma mudança dessa envergadura tinha que ser pensada como política de Estado
porque não é qualquer programinha”, afirma.
Ela lembra que a ampliação do ensino médio em São Paulo se deu sobre uma a estrutura de ensino fundamental que já existia. “[Seria impossível] ampliar a permanência na escola sem ter rede física aparelhada, espaço físico apropriado”.
Ela lembra que a ampliação do ensino médio em São Paulo se deu sobre uma a estrutura de ensino fundamental que já existia. “[Seria impossível] ampliar a permanência na escola sem ter rede física aparelhada, espaço físico apropriado”.
Esta,
aliás, pode ser uma pista para a alta taxa de rejeição das escolas consultadas,
hipótese que Herman Voorwald também levantou em entrevista ao Observatório:
“Não houve rejeição. O grande problema é que você tem muitas escolas que querem
aderir ou não puderam porque primeiro: a infraestrutura não permitia, a
interferência seria muito grande na estrutura; segundo, porque ela era a única
escola da região”.
“Nós
optamos por aquelas 55 escolas em que a estrutura permitia”, continua o
secretário, “e nós colocamos uma restrição de infraestrutura muito grande,
precisava estar muito bem preparado para ter uma mínima interferência possível
para poder viabilizar o projeto”.
Falta
de participação
Outras
hipóteses levantadas por especialistas consultados pelo Observatório da
Educação para essa taxa de rejeição ao modelo de ensino integral é a falta de
participação na elaboração da política e de um estudo de impacto orçamentário
mais específico para o ensino integral. As escolas que aderem ao programa
recebem o dobro de recursos para seu custeio, mas pesquisadores indicam que
seria necessário um investimento 60% acima de uma escola de tempo parcial.
Além da adesão ao programa de escolas com tempo integral, o Observatório da Educação realizou um levantamento sobre outros aspectos do programa educacional paulista a partir de pedidos de informação à Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. Entre as principais conclusões da ONG sobre o projeto estão a ausência de proposta orçamentária e planejamento de longo prazo e falta de transparência em parcerias.
*As informações são do Observatório da Educação
Além da adesão ao programa de escolas com tempo integral, o Observatório da Educação realizou um levantamento sobre outros aspectos do programa educacional paulista a partir de pedidos de informação à Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. Entre as principais conclusões da ONG sobre o projeto estão a ausência de proposta orçamentária e planejamento de longo prazo e falta de transparência em parcerias.
*As informações são do Observatório da Educação
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