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UMA LUTA EM PROL DA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE, DA FAMÍLIA E DA CIDADE

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa deve ser lançado 5ª-feira


Medidas visam a garantir que todas as crianças estejam alfabetizadas até os 8 anos


O governo federal deve lançar na quinta-feira, 8, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, em cerimônia no Palácio do Planalto. O pacto é um conjunto de medidas na área de educação para garantir que todas as crianças estejam alfabetizadas até os 8 anos de idade.
Segundo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, o pacto foi construído em conjunto com todos os secretários estaduais do setor e terá a adesão de cerca de 5,3 mil municípios. As redes municipais e estaduais terão de aderir ao programa para receber recursos e o apoio técnico do Ministério da Educação.
“Temos várias universidades trabalhando nesse projeto, material didático, a formação dos professores alfabetizadores. No Sul do País, as crianças nessa idade (8 anos) que não são alfabetizadas são 5%. No Nordeste, 28 % das crianças não aprendem a ler e escrever na idade certa”, disse Mercadante, após participar de cerimônia no Palácio do Planalto.
A intenção da iniciativa, segundo o ministro, é tornar a alfabetização na idade certa “a prioridade das prioridades”. Conforme Mercadante, “só dominando a leitura, a redação, a interpretação e a matemática é que as crianças poderão se desenvolver no ambiente escolar”.
A portaria que estabelece as regras do pacto foi publicada no Diário Oficial da União do dia 5 de julho. Entre as ações previstas está a criação de uma prova que será aplicada a todos os alunos do 3.º ano do ensino fundamental para medir o nível de alfabetização. A iniciativa visa a suprir a falta de um exame oficial que indique se crianças estão sendo alfabetizadas ou não na idade correta.

Alunos podem antecipar matricula na rede estadual



Câmara rejeita texto que reserva recursos dos royalties para educação

Maioria do plenário optou por votar texto aprovado no Senado.Se texto em análise for aprovado, projeto vai para sanção presidencial.

A Câmara derrubou nesta terça-feira (6), por 220 votos a 211, o relatório do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), sobre a proposta que altera o sistema de partilha dos royalties provenientes da expliração do petróleo. O texto era defendido pelo governo por exigir que 100% da parcela destinada a estados e municípios fosse destinada à área da educação.
Por maioria, a Câmara decidiu dar preferência ao texto autoria do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), aprovado no Senado em outubro do ano passado. O plenário ainda vai votar o texto do senador. Se ele for aprovado sem modificações, irá à sanção presidencial. Se for rejeitado, continuarão a valer as regras atuais sobre divisão de royalties.
O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) havia apresentado uma nova versão na noite desta terça. Ele havia acatado reivindicação do governo para que 100% dos recursos do petróleo obtidos por estados e municípios fossem para a educação. A derrubada da versão de Zarattini representa uma derrota para o governo, que defendia o texto do petista com ressalvas.
O requerimento que deu preferência ao texto do Senado é de autoria do DEM. O relatório de autoria do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) não prevê que os recursos provinentes dos royalties sejam aplicados em educação.

Royalties
O relatório do senador também traz uma redução de 30% para 20% na fatia de royalties destinada à União. Para compensar o governo, o relator propôs que a partir de 2013 a União receba uma compensação na participação especial de 1% por ano, até chegar a 46% em 2016.

Pela versão do Senado, os estados produtores deixariam de receber os atuais 26,25% dos royalties, passando para 20%. Os municípios produtores também passariam de 26,25% para 13% em 2013 e 4% em 2020. Municípios afetados por embarcações sairiam dos atuais 8,75% para 3% em 2013 e 2% em 2020.

Estados e municípios não produtores aumentariam sua fatia nos royalties: sairiam dos atuais 7% para 21% em 2013, chegando a 27% em 2020. Os municípios não produtores também veriam crescer sua parcela: dos atuais 1,75%, passariam a 21% em 2013 e 27% em 2020.

Participação especial
O texto determina ainda a redução de 50% para 42% da parcela da União na chamada participação especial, tributo pago pelas empresas pela exploração de grandes campos de petróleo, principalmente os recém-descobertos na camada pré-sal.

Atualmente, os outros 50% da participação especial vão apenas para estados produtores (40%) e municípios produtores (10%).
Pela proposta do Senado, os estados produtores terão 32% da participação especial em 2013, e 20% em 2020. Os municípios produtores, conforme o texto do Senado, receberão 5% da participação especial em 2013 e 4%, em 2020.
Outros 10% serão destinados, em 2013, ao Fundo Especial dos Estados e do Distrito Federal. O índice cresce para 15% em 2020. Os mesmos percentuais são aplicados para o Fundo Especial dos Municípios.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

MCTI e MEC lançam chamada de apoio a eventos científicos


O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Ministério da Educação (MEC) abriram chamada para recebimento, até o dia 22 de novembro, de propostas relacionadas à realização de feiras de ciências, mostras científicas permanentes e itinerantes – em especial, planetários móveis – em nível nacional, estadual e municipal/distrital.

Do montante de R$ 8,9 milhões previsto para o financiamento das propostas, R$ 3 milhões provêm da Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC); R$ 3 milhões da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); R$ 1,7 milhão da Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis/MCTI) e mais R$ 1,2 milhão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência do MCTI.
Os recursos serão distribuídos conforme a modalidade: nacional (valor máximo de até R$ 500 mil por proposta e até 70 bolsas), estadual/distrital (até R$ 240 mil por proposta e 20 bolsas), municipal (até R$ 50 mil por proposta e cinco bolsas) e mostras científicas itinerantes (até R$ 130 mil por proposta). Além dessas modalidades, haverá concessão de até mil bolsas de iniciação científica júnior, voltadas exclusivamente a alunos premiados e somente após a realização dos eventos, conforme o edital.
As propostas devem ser encaminhadas, somente via internet, ao site do CNPq, por meio do formulário de propostas online, disponível no link plataforma Carlos Chagas.  O edital da chamada nº 50/2012 foi lançado pelo MCTI e pelo MEC, no dia 24 de outubro último, por intermédio do Conselho, da Secis/MCTI e da Capes/MEC.
Modalidade criada pelo CNPq, as bolsas de iniciação científica júnior visam despertar a vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes do ensino fundamental, médio e profissional da rede pública, mediante sua participação em atividades de pesquisa científica ou tecnológica, orientadas por pesquisador qualificado, em instituições de ensino superior ou institutos/centros de pesquisas. Os melhores trabalhos selecionados poderão participar de feiras e mostras internacionais.
Critério
A quantidade de trabalhos científicos realizados por estudantes dos ensinos fundamental, médio, técnico, de escolas públicas e privadas é um dos principais critérios de seleção, previstos no regulamento. Para a categoria nacional, cada proposta deverá conter, no mínimo, 200 trabalhos científicos; estadual/distrital, ao menos, 80 trabalhos científicos, e na categoria municipal, devem ser apresentados, no mínimo, 40 trabalhos científicos. No caso da categoria mostra científica itinerante, a atividade de divulgação científica deverá ocorrer em diversos municípios ou regiões. A divulgação dos resultados será publicada no Diário Oficial da União (DOU) e pelo site do CNPq no dia 14 de dezembro próximo.

Texto: Denise Coelho - Ascom do MCTI


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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Educação precária ainda é obstáculo para o emprego

Mesmo com avanço na última década, formação educacional no Brasil ainda é inferior à de países desenvolvidos

Apesar dos recentes avanços na educação, o Brasil está longe de ter seus trabalhadores com o mesmo nível de escolaridade dos países desenvolvidos. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostra que 19,2 milhões de pessoas (11,5% da população nessa faixa etária) com mais de dez anos não têm nenhuma instrução ou estudaram menos de um ano.
Um reflexo do lento avanço, nos últimos dois anos, da escolaridade: em média, os brasileiros tinham 7,3 anos de estudo em 2011, ante 7,2 anos em 2009. E os reflexos disso aparecem no mercado de trabalho.
"Nos EUA, já em 1960, mais de 60% dos trabalhadores tinham pelo menos ensino médio completo e, hoje em dia, quase 90% da população está nessa situação", diz Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper.
No Brasil, o cenário é bem diferente. A mão de obra ocupada tem, em média, apenas 8,4 anos de estudo, somente 12,5% dos trabalhadores têm ensino superior completo, e o ensino médio só foi concluído por 46,8% dos trabalhadores. Apenas 6,6 milhões de brasileiros estão cursando uma universidade e 73,2% deles estão na rede privada.
A educação ganha importância quando se observa que 53,6% dos desempregados não têm nível médio. E os mais jovens (33,9% tinham entre 18 e 24 anos de idade) e sem experiência (33,9% nunca trabalharam) formam essa população. "Mesmo com a desocupação tendo recuado quase 20% em dois anos, o mercado de trabalho impõe barreiras. A má formação deixou muitos jovens para trás", diz Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE.
Informalidade. A qualidade maior dos empregos aparece no grau da informalidade. Os trabalhadores sem carteira assinada e os por conta própria, que eram 55,1% dos ocupados em 2001, agora representam 45,4%. A proporção de trabalhadores com baixa qualificação (agricultores, domésticos, ocupados no transporte e na segurança) caiu de 38%, em 2002, para 31,8%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em estudo com os números da Pnad.
Já os de média qualificação (escriturários, atividades de atendimento ao público e vendedores) aumentaram sua participação de 42,8% para 47,2%. "O grupo com 11 anos de estudo ou mais cresceu 22 milhões de 2001 a 2011", afirma Miguel Foguel, do Ipea, coordenador do estudo.
Jessica Gomes, de 21 anos, ainda não concluiu o ensino médio, mas já fez curso de fotografia digital e básico de informática em busca de uma colocação, em Pernambuco. Ela nunca trabalhou, deixou currículos em empresas, mas não recebeu propostas. Seu irmão de 17 anos, porém, já trabalha. "Homem tem mais facilidade para arranjar emprego."
Mulheres. Amiga de Jessica, Érica Gomes Santana, também de 21 anos, concluiu o ensino médio, não fez vestibular e espera ser chamada, pois enviou currículos a várias empresas de Recife. "Já trabalhei informalmente na distribuição de panfletos. Também estou sem emprego." As mulheres realmente sofrem mais com o desemprego. A taxa para elas era de 9,1% em 2011, ante 4,9% dos homens.
A taxa de analfabetismo elevada anuncia um futuro incerto a milhões de brasileiros. O País tem 12,9 milhões de pessoas que não sabem ler nem escrever, uma taxa de 8,6% em 2011. Mas já foi pior: em 2009, era de 9,7%.
As estatísticas também revelam o chamado analfabetismo funcional, representado por 20,4% das pessoas com 15 anos ou mais, com menos de quatro anos de estudo completos.

Alunos de escolas públicas fazem protesto no Facebook a favor de melhoria na educação

Proposta é que usuários da rede enviem um email para autoridades alertando sobre problemas em suas escolas


Um protesto de alunos de escolas públicas de todo o País se espalhou pelo Facebook nesta segunda-feira (22). Chamado de o Dia do Basta, o movimento pede para que estudantes, pais ou educadores enviem um e-mail ao Ministério da Educação, secretárias municipais ou estaduais relatando problemas nas suas escolas. 
A iniciativa reúne diversos comentários de usuários do Facebook, que compartilharam fotos e relatos sobre falta de qualidade no ensino, além de e-mails de outras autoridades e secretárias de educação por todo o Brasil. 


protesto virtual se inspirou na página “Diário de Classe”, da estudante Isadora Faber, de 13 anos. Em agosto deste ano, Isadora chamou a atenção de milhares de pessoas denunciando os problemas da sua escola. Hoje, a página do Facebook tem mais de 344 mil seguidores e a escola onde a jovem estuda aos poucos conquistou melhorias.

Prêmio Professores do Brasil recebe inscrições até sábado; premiação é de R$ 7 mil


A 6ª edição do Prêmio Professores do Brasil está com inscrições abertas até o dia 27 de outubro, pelo site www.premioprofessoresdobrasil.mec.gov.br. O concurso seleciona e premia as melhores experiências pedagógicas desenvolvidas ou em desenvolvimento por professores das escolas públicas, em todas as etapas da educação básica.
Após enviar dos dados pela internet, é preciso imprimir o conteúdo enviado, assinar em todas as páginas e encaminhar via correio para o seguinte endereço:
PRÊMIO PROFESSORES DO BRASIL - 6a. EDIÇÃO
CAGV - Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça
Rua Ildefonso Simões Lopes, 2791 - Bairro Sanga Funga
Cep: 96060-290- Pelotas - RS - Brasil

O prêmio é dividido em duas categorias:
Categoria Temas Livres:
  • Educação Infantil;
  • Séries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental;
  • Séries/Anos Finais do Ensino Fundamental; e
  • Ensino Médio.
Categoria Temas Específicos:
  • Educação Integral e Integrada;
  • Ciências para os anos iniciais;
  • Alfabetização nos anos iniciais do Ensino Fundamenta, e;
  • Educação Digital articulada ao desenvolvimento do currículo.
Os professores selecionados, independentemente da categoria em que concorrem, irão ganhar R$ 7.000, além de troféu e certificado. As escolas nas quais foram desenvolvidas as experiências selecionadas serão premiadas com placa comemorativa. Serão selecionadas no máximo 40 trabalhos.
O prêmio é uma iniciativa do MEC (Ministério da Educação), promovido com a colaboração de instituições parceiras. Saiba mais aqui.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Aprovada a destinação de 10% do PIB para a educação e a redução do número de alunos por sala de aula


A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira o Pla­no Nacional de Educação (PNE), que prevê a aplicação até 2020 de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação. Atualmente esse percentual é inferior a 5%, apesar de ter sofrido ampliações nos últimos anos.
Aprovado em caráter conclusivo, o PNE não passará pelo plenário da Câmara e seguirá para análise no Senado. Se aprovado pelos senadores sem alterações de mérito, o texto vai para sanção presidencial.
O PNE, elaborado pelo Ministério da Educação (MEC) e que sofreu muitas emendas de parlamen­tares, concretizadas no substitutivo do Senador Angelo Vanhoni (PT/PR), define objetivos, metas e estratégias até 2020 para todos os níveis de ensino brasileiro. A principal discussão gira em torno do investimento do PIB na educação.
A APEOESP participa ativamente da luta pela destinação dos 10% do PIB, que foi aprovada pela Conferência Nacional de Educação (CONAE), em 2010. Vamos continuar mobilizados até que o Senado a aprove em definitivo, seja sancionada pela Presidenta Dilma Rousseff e entre em vigor, per­mitindo ao país maiores investimentos na qualidade do ensino, na valorização e na melhor qualificação dos profissionais da educação.
Senado limita o número de alunos por sala de aula
A Comissão de Educação do Senado Federal aprovou no dia 16 de outubro em caráter terminativo Projeto de Lei do Senador Humberto Costa (PT/PE) que determina que as turmas dos 1º e 2º anos do Ensino Fundamental tenham no máximo 25 alunos e dos demais anos e Ensino Médio, 35.
A redução do número de alunos nas salas de aula é uma antiga luta da APEOESP. A reivindicação figura em sucessivas pautas aprovadas em nossos congressos, assembleias e encontros, pois a su­perlotação comprovadamente compromete a qualidade do ensino e é apontada nas pesquisas que realizamos junto à categoria como um dos fatores responsáveis pela ocorrência de casos de violência nas escolas e pelo adoecimento dos professores.
O assunto também é analisado no Parecer CNE/CEB nº 9/2009, que embasa a resolução para as novas diretrizes para os planos de carreira do magistério público, cuja relatora foi a Presidenta da APEOESP, professora Maria Izabel Azevedo Noronha. O parecer recomenda aos sistemas e redes de ensino a redução do número de alunos por sala como uma das condições para um ensino de qualidade e para a valorização dos profissionais do magistério.
O projeto segue para a Câmara dos Deputados e, depois, à sanção da Presidenta Dilma Rousseff e pode entrar em vigor em todo o país já no início do próximo ano letivo.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A urgência de valorizar o professor


Fora da Sala de Aula


Formandos não querem dar aula no ensino básico


O perfil de excelência na pós-graduação de Física pode acentuar o quadro de deficiências no número de professores da área na educação básica. Os recém-formados da graduação prefeririam investir na pesquisa acadêmica a dar aulas nas escolas. Os principais motivos seriam a falta de valorização e os baixos salários, avalia Sergio Ribeiro Teixeira, coordenador de pós-graduação em Física da UFRGS.

Dados do Ministério da Educação (MEC) mostram que são necessários pelo menos 56 mil professores na área. E, dos que ingressaram na faculdade, apenas 40% concluem o curso.
E parece ser difícil reverter esse quadro a curto prazo. Pesquisa realizada na Faculdade de Educação da USP indica que 52% dos alunos de licenciatura em Física não pensam ou têm dúvidas em ser professores.

A autora da pesquisa, a pedagoga Luciana França Leme, alerta que os cursos de Física precisam conciliar mais a pesquisa com a formação de professores para a educação básica. / D.L.

Depressão atinge quase 20% dos professores


Pesquisa foi feita com 2,5 mil educadores da rede estadual e resultados foram apresentados neste mês
Estresse, carga horária excessiva, violência nas escolas. Esses problemas, juntos, têm transformado a vida de professores da rede estadual, conforme revela pesquisa da Apeoesp, sindicato que representa a categoria. Quase 20% dos educadores sofrem de depressão e 23% de ansiedade ou síndrome do pânico.
Números apresentados no início deste mês foram levantados após estudo realizado em congresso que reuniu 2,5 mil profissionais, chamado “A saúde do professor na rede estadual de ensino”.
Ainda conforme o levantamento, dos professores que disseram sofrer de depressão, 57% se afastaram do ambiente escolar. “Em Marília, é grande o número de professores que sofrem deste problema e que estão nesses índices, já que participaram do estudo. Isso é reflexo do estresse ocasionado pelas condições de trabalho, da jornada excessiva que não nos dá tempo para preparar as aulas e nos atualizarmos e da onda de violência que assola as escolas. Antes, a maior causa de afastamento era a rouquidão, hoje são os problemas emocionais. Temos que ter políticas mais efetivas para tratar e prevenir isso”, comenta a diretora estadual da Apeoesp, Carmem Urquiza.
A hipertensão arterial atinge 30% dos professores, segundo a pesquisa, e 37% tiveram que se afastar em função da doença. Já a rouquidão é problema para 21% dos entrevistados e foi responsável por 41% dos afastamentos.
“Na segunda [amanhã] não temos o que comemorar. A carreira sofre com a desvalorização e falta de evolução, com salários defasados que fazem com que ela não seja atrativa. É preciso que isso seja repensado, porque hoje já existe escassez de profissionais. Se isso não for mudado, não há como o ensino avançar”, concluiu.

Professora cria "remédio" antibullying em escola de São Paulo


Quando adolescente, a professora Deyse da Silva Sobrino media 1,72 metro e pesava 45 kg. A garota alta e magra sofria quando era chamada pelos colegas de "pau de catar balão" e "vareta de bilhar". Na época, o termo bullying ainda não existia, mas a prática de criar apelidos maldosos e agredir de forma física ou verbal já fazia parte do cotidiano das escolas.
Atualmente, Deyse tem 60 anos e três formações: biologia, pedagogia e direito. Ela dá aulas há 42 anos e tenta passar aos seus alunos ensinamentos que vão além da informática que ministra na Escola Municipal de Ensino Fundamental José Bonifácio, localizada na zona leste, periferia da capital paulista. "Isso o bullying nunca me afetou. Eu estava bem comigo mesma. É isso que tento passar ao aluno, que se sinta bem com ele mesmo".
Andresson Silva, 13 anos, estudante do 8º ano, seguiu o conselho da professora Deyse. O menino tem um grau de deficiência visual e, por usar óculos, recebia apelidos maldosos dos outros meninos. "Era muito ruim. Todo dia chegavam com uma brincadeira de maldade. Eles me pegavam, jogavam no chão, empurravam, me batiam, xingavam. Pegavam meus óculos e jogavam no chão. Eu não suportava a pressão". Ele conta que tem poucos amigos e sofreu bullying desde os 5 anos de idade. Por medo, Andresson evitava o assunto com os pais, mas encontrou apoio na professora que já viveu o mesmo problema.
"O aluno vêm me contar seus segredos e não conto a ninguém. Se ele confiou em mim, por que vou contar para os outros? Esse relacionamento de professor e aluno é a base. Se não tiver isso, não há diálogo, não existe amizade", disse a professora.
Mas a grande mudança para Andresson e os outros alunos, que têm entre 5 e 17 anos, veio em 2010, quando Deyse decidiu tomar uma atitude contra o bullying em toda a escola. Ela distribuiu um questionário anônimo para uma parte dos estudantes (309 alunos) contendo perguntas como: você já sofreu bullying? Já praticou? Já viu alguém praticando?
O resultado surpreendeu a professora, que leciona na José Bonifácio há 15 anos: 70% dos alunos já presenciaram a prática, 44,5% já foram vítimas, 38,5% admitiram ter praticado bullying alguma vez na vida e 9,7% praticam constantemente. Os ambientes escolares onde o bullying esteve mais presente foram o pátio e a sala de aula.
Para reverter essa situação, a professora criou um medicamento fictício com a ajuda dos alunos, chamado Sitocol. Sob o slogan "Tomou o Sitocol hoje?", o remédio tem uma bula, escrita de forma coletiva entre os alunos. "Ele age no organismo produzindo consciência, modificando a maneira de agir das pessoas, o sentimento. Se usado em excesso, o Sitocol vai fazer rir muito e ter muita felicidade", destacou a professora.
Com a campanha, a redução da prática do bullying na escola foi considerável. Em média, 700 alunos têm recebido, por ano, as orientações da professora Deyse, distribuídas por 21 turmas. Ela planeja reaplicar o questionário entre os alunos no próximo ano, mas relata que a melhora na atitude deles pode ser vista pelos corredores da instituição. "Antes, quando a gente subia a escadaria eu via os alunos grandes pegando os pequenos pelos braços e arrastando pelo corredor, com ar de poderosos. O outro esperneava de vergonha. E eu mandava soltar. Mas isso era frequente".
A professora presenciava também outras situações humilhantes vividas por vítimas de bullying. Certa vez, um aluno jogou o conteúdo da mochila de um colega no pátio da escola. Os alunos que passavam naquele momento ajudavam a chutar os pertences, que se espalharam pelo chão. Deyse ajudou a vítima a recolher todo o material. "Eu não me conformava com essas coisas. Resolvi fazer esse trabalho tendo em vista essas ocorrências, que me deixavam desesperada", conta.
A aluna Pamela da Silva Bonfim, 11 anos, do 6º ano, que antes ouvia xingamentos e até apanhava, conta que agora vive de outra forma. "Antes, eu ia para a minha cama, começava a chorar. Agora esses apelidos não influenciam em nada. Eles me chamavam de baixinha e tenho esse apelido até hoje, mas não me importo".
Ao ser apelidada de "sem dente", a estudante Ana Paula Prazeres de Ornelas, 11 anos, do 6º ano, mostrou confiança ao enfrentar situação parecida. "Desde o ano passado, começaram a me chamar de sem dente. Eu falo para as pessoas que me xingam que isso não me incomoda, que não vou ficar sofrendo por causa delas. Eles dizem que fazem isso por diversão, mas não acho que seja divertido fazer as outras pessoas sofrerem", afirma a aluna.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Ensino Bom é para Todos!

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MEC tenta frear inclusão de novas disciplinas no currículo da educação básica


Contrário ao inchaço dos currículos escolares com novas disciplinas, o MEC (Ministério da Educação) articulou-se com o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), para evitar que fosse enviado imediatamente à Câmara dos Deputados projeto de lei que insere duas novas matérias na grade escolar do ensino básico: Cidadania Moral e Ética no ensino fundamental e Ética Social e Política no ensino médio.
Para atender ao ministério, Braga entrou com recurso solicitando que o PLS 2/2012, do senador Sérgio Souza (PMDB-PR), também seja apreciado pelo Plenário, para decisão final. Inicialmente, a análise pelo Plenário estava dispensada, já que a proposta havia sido aprovada pela CE (Comissão de Educação, Cultura e Esporte), em setembro, em decisão terminativa.
Na visão do MEC, a aprovação do projeto não é a solução mais adequada para tratar dos temas da ética e da cidadania. Em nota técnica enviada à liderança do governo, o ministério argumenta que os documentos orientadores dos currículos “não sugerem a criação ilimitada de disciplinas nem de conteúdos, mas que a escola oportunize condições para que temas socialmente relevantes sejam incluídos e tratados no desenvolvimento dos conteúdos escolares”.

Complementação

Ainda de acordo com a nota, atualmente os componentes curriculares obrigatórios, de abrangência nacional, estão estruturados em cinco áreas: Línguas, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ensino Religioso. Na avaliação do ministério, por meio desses componentes, assim como na parte diversificada, que pode ser agregada aos currículos pelos demais entes federativos e as próprias escolas, podem ser abordados temas abrangentes para complementar a formação dos alunos.
Como exemplo, a nota cita assuntos contemporâneos que afetam a vida humana em escala global, regional e local, bem como a esfera individual. Destaca temas como saúde, sexualidade e gênero, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), e a preservação do meio ambiente, nos termos da política nacional de educação ambiental (Lei 9.795/99), além de educação para o consumo, educação fiscal, trabalho, ciência e tecnologia e outros que revelem a diversidade cultural.

Tempo reduzido

A nota informa que são frequentes as iniciativas legislativas e proposições vinda da sociedade no sentido da inclusão de novas disciplinas e temáticas nos currículos. Apesar da relevância das sugestões, ressalta que antes de novas inclusões é necessário debater e decidir “sobre o tempo e o espaço que a escola e seus professores vão dispor para organizar o desenvolvimento do trabalho a ser realizado”.
O ministério assinala, ainda, que é difícil incluir a diversidade de componentes desejada diante de uma estrutura de horas de atendimento ao aluno que não se modificou desde a aprovação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases). Conforme salientado, a LDB indica apenas um mínimo obrigatório de quatro horas de atividades diárias, em um calendário de 200 dias letivos.

Esvaziamento ético

Na CE, o projeto de Sérgio Souza foi aprovado com base em relatório favorável do senador Cristovam Buarque (PDT-DF). O relator elogiou a proposta, a seu ver uma iniciativa para fazer frente ao “esvaziamento ético no Brasil”.
A senadora Ana Amélia (PP-RS), por sua vez, lembrou que o projeto foi colocado em votação poucos dias depois da realização de protestos de jovens em diversas cidades contra a corrupção, durante a celebração da Independência.
Lídice da Mata (PSB-BA), no entanto, demonstrou preocupação com a criação de mais uma disciplina escolar, sugerindo que os conteúdos relativos ao tema sejam abordados no âmbito das matérias já existentes.
Sérgio Souza, o autor do projeto, ponderou que as aulas da nova disciplina poderão ocorrer no turno contrário ao das aulas normais dos estudantes.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Maioria apoia, mas só 37% leem para crianças


Apesar de terem tido pouco contato com os livros na infância, 96% dos brasileiros consideram importante ou muito importante o incentivo à leitura para crianças pequenas, de até 5 anos - mas apenas 37% costumam ler livros ou histórias para elas


Apesar de terem tido pouco contato com os livros na infância, 96% dos brasileiros consideram importante ou muito importante o incentivo à leitura para crianças pequenas, de até 5 anos - mas apenas 37% costumam ler livros ou histórias para elas. Esse é o resultado de uma pesquisa da Fundação Itaú Social que será anunciada nesta terça-feira em São Paulo.
Para o levantamento, o instituto Datafolha ouviu, no início de agosto, 2.074 pessoas com mais de 16 anos de idade em 133 municípios de todo o País. Os entrevistados também foram questionados acerca de sua experiência pessoal de leitura, quando crianças, além de seu atual hábito de leitura para crianças de seu círculo de convivência.
"O nosso objetivo foi medir a percepção sobre a importância da leitura para crianças pequenas, mas também o envolvimento do adulto nessa tarefa", afirma o vice-presidente da Fundação Itaú Social, Antonio Matias. Ele conta que a pesquisa é uma das ações da campanha que vê no estímulo à leitura uma oportunidade de mobilizar a sociedade para a garantia dos direitos da criança e do adolescente.
"Lutamos por essa causa porque muitos estudos já mostraram que a leitura na primeira infância pode ajudar muito no desenvolvimento dessas crianças", completa Matias.

Resultados
Os números da pesquisa mostram que a população também compreende a importância. À pergunta "por quais razões você acha importante incentivar as crianças de até 5 anos a ter gosto pela leitura?", as respostas foram consistentes: 54% citaram o desenvolvimento intelectual e cultural, isto é, que a leitura deixa mais inteligente e ajuda a desenvolver a capacidade de raciocínio, além de despertar a curiosidade.
Outros 36% acreditam que a leitura na infância ajuda na formação educacional e na criação desse hábito. O desempenho no mercado de trabalho é citado por apenas 10% dos entrevistados.
Apesar dessa consciência, menos da metade (37%) costuma ler livros ou histórias para crianças. Um comportamento que repete a mesma experiência que esses adultos tiveram na infância: 60% dos entrevistados não tiveram experiência de leitura durante sua infância e gostariam que alguém tivesse feito isso.
Na escolha por esse "mentor", a opção recai sobre a mãe. Se pudessem escolher quem eles gostariam que tivesse lido para eles durante a infância, 44% dizem a mãe, 28% o pai e apenas 2% a professora.
"Isso é bom, mas desde que se transforme essa percepção em mobilização. Quanto mais um adulto se envolve, mais ele se compromete com o processo de educação dos seus filhos e se torna atuante na cobrança de uma escola pública de qualidade, que é a nossa causa maior", resume Matias.

Alheios
Na pesquisa, os 4% que acham "mais ou menos importante" ou não veem razão para ler para crianças de até 5 anos alegam que, nessa idade, elas não estão maduras o suficiente para a tarefa: são muito novas e estão na idade de brincar. Para alguns, a prática seria "forçar a mente da criança" ou poderia fazer com que os pequenos enjoassem de estudar antes mesmo de entrar na escola.
Uma preocupação equivocada, explica a gerente de projetos do Instituto do Pró-Livro, Zoara Failla. "A leitura também é uma forma de brincar. A criança vai se divertir com as ilustrações e com as pequenas frases que podem ser lidas pelo adulto. É um momento de familiarização, de descoberta. Basta ver como os pequenos pedem a repetição de uma boa história para ver como esse contato é lúdico." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Justiça bloqueia bens de presidente de fundação ligada a Alckmin


A Justiça decidiu nesta terça-feira o afastamento imediato e o bloqueio dos bens do presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), José Bernardo Ortiz. Ortiz é aliado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e seu filho, José Bernardo Ortiz Junior, é candidato à prefeitura de Taubaté, em São Paulo, pelo PSDB, mesmo partido de Alckmin.
Ortiz é acusado pelo Ministério Público Estadual por formação de cartel ao superfaturar cerca de R$ 11,5 milhões na compra de 3,5 milhões de mochilas em licitação da FDE. Ele deverá ficar afastado por 240 dias e o bloqueio de bens atinge mais de de R$ 139,6 milhões. A ordem é do juiz Randolfo Ferraz de Campos, da 14.ª Vara da Fazenda Pública da Capital.
Alckmin nomeou Ortiz para o cargo de presidente da FDE em janeiro de 2011. Ele já havia sido condenado judicialmente por ato de improbidade administrativa. Ortiz teve três mandatos de prefeito de Taubaté, que somam 14 anos de gestão.
Em nota, a FDE afirmou que, há cinco dias, Ortiz já havia pedido afastamento do seu cargo "para não deixar nenhuma suspeita de interferência" nas investigações. A fundação também rechaçou as acusações de superfaturamento. Como exemplo, citou as mochilas adquiridas para alunos do ciclo I do ensino fundamental, que teriam custado R$ 6,50. Em comparação, a FDE diz que outras cidades do Estado compraram o mesmo material por valores superiores a R$ 20.
"Após o encerramento do pregão eletrônico da FDE, a negociação levada a efeito pela presidência do órgão na compra das mochilas ainda propiciou aos cofres públicos uma economia de R$ 4,5 milhões", afirma a fundação, em nota. Ainda segundo o comunicado, as cláusulas da licitação mantiveram "a mesma redação" de editais usados, para a mesma finalidade, em anos anteriores.

Reta Final - 13013


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

MEC lança pacto para alfabetizar aos 8 anos


Número de jovens de 15 a 17 anos fora da escola aumentou


IBGE mostra que políticas públicas para incluir a juventude no sistema educacional fracassam. População nessa faixa etária aumentou e frequência escolar caiu em 2011


As políticas de inclusão dos jovens no sistema educacional fracassam.  Colocar todos os brasileiros de 15 a 17 anos na escola é o maior desafio a ser superado para que a Emenda Constitucional 59 seja cumprida. A lei determina que, até 2016, todas as crianças e adolescentes com idades entre 4 e 17 anos sejam matriculados no sistema educacional. Em vez de voltar à escola, a população jovem tem se afastado ainda mais dela. 

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011, divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que a quantidade de adolescentes de 15 a 17 anos longe dos bancos escolares aumentou. Em 2009, 1.479.000 de brasileiros nessa faixa etária não estudavam. Eles representavam 14,8% dessa população. No ano passado, o número de excluídos subiu para 1.722.000 (16,3% dos 10,5 milhões de jovens). 

Os números representam um revés na tendência observada nos anos anteriores, quando a taxa de escolarização dos jovens melhorava. Apesar de quase a metade estar fora da etapa escolar correta para sua faixa etária, era crescente o número de adolescentes que permaneciam
matriculados nas redes de ensino. Em 2008, 84,1% da população entre 15 e 17 anos frequentava os colégios brasileiros. No ano seguinte, a porcentagem subiu para 85,2%. Em 2011, ela caiu para 83,7%.

A realidade é ainda mais cruel com os jovens brasileiros que vivem nas famílias mais pobres. Enquanto 81,6% dos que não possuem renda familiar ou recebem até um quarto de salário mínimo per capita estudam, 87,8% dos que ganham um salário mínimo ou mais por pessoa da família estão matriculadas nas redes de ensino. É na Região Sul que a situação dos adolescentes é pior: 17,8% dos brasileiros com idade entre 15 e 17 anos estão fora da escola.

O IBGE não divulgou os dados que mostram com precisão quantos estudantes estão na série correta para a idade que possuem. No entanto, há pistas sobre o quão atrasados eles estão. Dos 5,5 milhões de alunos com 16 ou 17 anos, 1,5 milhão ainda cursava o ensino fundamental, etapa que deveriam ter concluído aos 14 anos. O número seria maior se fossem incluídos nas contas os adolescentes de 15 anos, mas não há dados específicos sobre eles ainda.

Outro sinal de que a educação para a juventude é falha está na média de anos de estudo da população brasileira. Os adolescentes de 15 a 17 anos possuíam 7,5 anos de estudo, em média, em 2011, enquanto deveriam ter completado, pelo menos, oito anos de estudo do ensino fundamental. A instrução média dos brasileiros não mudou quase nada em dois anos. Em 2009, a população com mais de 10 anos de idade possuía, em média, 7,2 anos de estudo. Em 2011, o número subiu para 7,3.

Em compensação, a quantidade de brasileiros que conseguiu estudar pelo menos 11 anos aumentou de 53 milhões para 58,5 milhões. Porém, no outro extremo, os dados da PNAD voltam a assustar: há 19,2 milhões de pessoas com mais de 10 anos de idade (11% do total) sem instrução e com menos de um ano de estudo.


Diferenças regionais de escolarização
O percentual de crianças e adolescentes que frequentam a escola varia em cada região e de acordo com cada faixa etária. Os jovens são o maior gargalo.

Mais crianças na escola
Enquanto a situação dos jovens – considerada o grande gargalo da educação no País – não melhora, a das crianças avança, mesmo que lentamente. A taxa de escolarização dos brasileiros de 6 a 14 anos de idade foi de 98,2% em 2011, um aumento de 0,6 ponto percentual em relação a 2009. Nas famílias com renda familiar mais alta, o índice chega a 99,2%. Apesar da quase universalização, ainda não se chegou ao que a lei exige: todas as crianças nessa etapa devem estar na escola.
A taxa de escolarização das crianças de 4 ou 5 anos subiu quase 3 pontos percentuais, passando de 74,8% em 2009 para 77,4% em 2011. A diferença de renda, porém, mais uma vez, influencia diretamente a presença dessas crianças na escola. Entre as que vivem nas famílias sem rendimento ou com rendimento mensal domiciliar inferior a um quarto de salário mínimo por pessoa, o percentual de escolarização baixa para 69,1%. E sobe entre os filhos das famílias com melhores condições financeiras: 88,9%.

A maior parte das matrículas da educação básica continua na rede pública de ensino. Há 42.186.000 de alunos nas escolas (da pré-escola ao ensino médio) de federais, estaduais e municipais, enquanto a rede privada atende a 11,5 milhões de estudantes. O maior percentual de
matrículas dos colégios particulares está na pré-escola (26,5%). Em relação às creches, não houve alteração significativa nos percentuais de atendimento. Em 2011, a rede pública atendia 65,3% das crianças e, em 2009, 65,6%. Há 2,8 milhões de crianças matriculadas em creches.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

ENSINO INTEGRAL É REJEITADO POR 56% DAS ESCOLAS PROCURADAS PELO GOVERNO DE SP


Dezesseis colégios de referência já testam ensino médio em tempo integral no Estado, mas secretaria não vai conseguir atingir meta de ampliação do programa prevista para 2013

A criação de escolas de referência para a melhoria da atratividade do ensino médio é um dos pilares do Programa Educação: Compromisso de São Paulo, lançado pela secretaria estadual para posicionar a rede paulista entre as melhores do mundo até 2030. Inicialmente testado por 16 escolas em 2012, o modelo seria expandido para 100 escolas no próximo ano e, de acordo com o secretário Herman Voorwald, chegaria a 300 unidades até o fim desta gestão (2014).

O Observatório da Educação solicitou a lista das escolas consultadas para fazer parte do Programa já no ano que vem. Das 76 escolas convidadas oficialmente pela secretaria, apenas 32 aceitaram aderir ao projeto. De acordo com o governo, as unidades passaram por um processo de consulta ao Conselho Escolar, “uma vez que a participação no Programa Ensino Integral ocorrerá mediante adesão de toda a comunidade”.
O modelo de ensino integral que está sendo implantado é baseado na experiência do Instituto de Coresponsabilidade pela Educação (ICE) em Pernambuco. Isso implica um novo modelo de gestão, reformas e melhorias nas escolas, professores em regime de dedicação exclusiva e o desenvolvimento de “projetos de vida” pelos estudantes. O ICE mantém uma equipe em São Paulo, atuando na secretaria, e todo o custo da consultoria é pago pelas empresas parceiras.

Não há materiais públicos sobre o modelo pedagógico usado em São Paulo. O Observatório da Educação solicitou os documentos à secretaria, mas a pasta informou que o produto da consultoria do ICE não lhe pertence. Ou seja, nessa parceria público-privada, o produto da consultoria fica do lado privado.
Critérios de escolha

Os 16 colégios selecionados para iniciar o projeto representam 0,3% da rede. Mesmo que atinja a meta de 300 escolas até o fim de 2014, o modelo só seria implantado no equivalente a 5% do universo das mais de cinco mil escolas paulistas. Segundo a coordenadora do programa do governo, Valéria Souza, o critério inicial é que sejam escolas exclusivas de ensino médio com condição básica de infraestrutura para abrigar os alunos em tempo integral.
O Alves Cruz, uma das duas escolas que testam o modelo atualmente na capital, teria sido uma exceção (por não ter as condições básicas de infraestrutura). “O Alves é a nossa exceção querida. (...) Ela tem um espaço menor entre as escolas que entraram. Então a intervenção física foi maior”, explicou.

Das 21 consultadas em 2011, 16 aceitaram iniciar o ensino integral em 2012. São Paulo tem poucas escolas de ensino médio exclusivo, o que dificultaria a implantação do modelo.
Para Ana Paula Corti, doutoranda na Faculdade de Educação da USP e docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), o ensino integral é uma proposta que exigiria mais cuidados na implementação: “uma mudança dessa envergadura tinha que ser pensada como política de Estado porque não é qualquer programinha”, afirma.

Ela lembra que a ampliação do ensino médio em São Paulo se deu sobre uma a estrutura de ensino fundamental que já existia. “[Seria impossível] ampliar a permanência na escola sem ter rede física aparelhada, espaço físico apropriado”.
Esta, aliás, pode ser uma pista para a alta taxa de rejeição das escolas consultadas, hipótese que Herman Voorwald também levantou em entrevista ao Observatório: “Não houve rejeição. O grande problema é que você tem muitas escolas que querem aderir ou não puderam porque primeiro: a infraestrutura não permitia, a interferência seria muito grande na estrutura; segundo, porque ela era a única escola da região”.
“Nós optamos por aquelas 55 escolas em que a estrutura permitia”, continua o secretário, “e nós colocamos uma restrição de infraestrutura muito grande, precisava estar muito bem preparado para ter uma mínima interferência possível para poder viabilizar o projeto”.

Falta de participação
Outras hipóteses levantadas por especialistas consultados pelo Observatório da Educação para essa taxa de rejeição ao modelo de ensino integral é a falta de participação na elaboração da política e de um estudo de impacto orçamentário mais específico para o ensino integral. As escolas que aderem ao programa recebem o dobro de recursos para seu custeio, mas pesquisadores indicam que seria necessário um investimento 60% acima de uma escola de tempo parcial.

Além da adesão ao programa de escolas com tempo integral, o Observatório da Educação realizou um levantamento sobre outros aspectos do programa educacional paulista a partir de pedidos de informação à Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. Entre as principais conclusões da ONG sobre o projeto estão a ausência de proposta orçamentária e planejamento de longo prazo e falta de transparência em parcerias.

*As informações são do Observatório da Educação 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

E A CONTA NÃO FECHOU


LEI INCENTIVA COMPRA DE COMPUTADORES PARA ESCOLAS PÚBLICAS


Agência Brasil

Publicada nesta terça-feira,18, a Lei 12.715 - que amplia o Plano Brasil Maior - concede incentivos fiscais para a compra de computadores para escolas públicas e restabelece o Programa Um Computador por Aluno (Prouca). A norma trata, entre outros pontos, da desoneração da folha de pagamento, aplicação do Regime Diferenciado de Contratações (RDC) na área educacional e concessão de incentivos à industria automotiva e ao Programa Nacional de Banda Larga.

De acordo com a lei, o Regime Especial de Incentivo a Computadores para Uso Educacional (Reicomp) visa facilitar a aquisição dos aparelhos para uso dos alunos e professores da rede pública federal, estadual, municipal e do Distrito Federal e para as escolas sem fins lucrativos que prestam atendimento a pessoas com deficiência. Os computadores deverão ser utilizados exclusivamente no processo de aprendizagem.

O Reicomp suspende a incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para as indústrias que fornecem matéria-prima e produtos intermediários para a fabricação dos computadores, além do PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

O Programa Um Computador por Aluno tem como objetivo promover a inclusão digital nas escolas públicas por meio da compra de equipamentos de informática, programas de computador, suporte e assistência técnica. Pela lei, um porcentual mínimo dos equipamentos deverá, obrigatoriamente, ser adaptado para pessoas com deficiência.

A lei também institui o Regime Diferenciado de Contratações (RDC) para construção ou reforma de estabelecimentos de educação infantil. O regime poderá ser aplicado até o 31 de dezembro de 2018 aos projetos de construção ou reforma de creches e pré-escolas, cujas obras tenham início ou contratação a partir de 1º de janeiro de 2013.

De acordo com o governo, a adoção do RDC é opcional. O projeto – de construção ou reforma de creche e pré-escola - precisa da prévia aprovação do Ministério da Educação e o imóvel não poderá ter a destinação alterada pelo prazo mínimo de cinco anos.


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Educação: além das verbas


Brasil é um dos países que mais investem em educação


Paris e São Paulo - O anos 2000 aproximaram o Brasil dos países que mais investem verbas públicas em educação no mundo, mas a relação de recursos por aluno, a precariedade do ensino superior e da pesquisa e a qualidade duvidosa ainda evidenciam o atraso do País. Essas são algumas das conclusões tiradas da análise de 39 países feita pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e reunidas em um relatório de 570 páginas sobre a educação, publicado ontem, terça-feira, em Paris.

Segundo seu autor, entre 2000 e 2009 o Brasil foi a nação "mais dinâmica do mundo", melhorando os ensinos fundamental e médio, mas piorando o superior. O estudo, elaborado por Andreas Schleicher, diretor-adjunto da OCDE para Educação, é o mais amplo levantamento anual comparativo sobre o estado da educação no mundo.

Conforme a instituição - que reúne os países mais desenvolvidos do mundo -, o Brasil realizou um dos maiores aumentos de investimentos de seu Orçamento em educação no período de 2000 a 2009 entre as nações avaliadas - de 10,5% a 16,8% -, tornando-se o quarto no ranking e superando a média, de 13%. Esse resultado foi possível pelo incremento de 149% dos investimentos por aluno nos ensinos fundamental e médio, o que fez do País o que mais elevou as despesas entre 2005 e 2009.

Ao longo da década, o Brasil recuperou parte de seu déficit educacional investindo na área o equivalente a 5,5% de seu Produto Interno Bruto (PIB), embora o dado ainda seja inferior à média da OCDE, de 6,25%. No ensino primário e secundário, esse porcentual já ultrapassa a média - 4,23%, contra 4%.

Déficit

As notícias ruins se concentram no que se refere ao ensino superior, segmento em que o Brasil é o quarto pior da lista, com 0,8% do PIB. Nos anos 2000, o investimento brasileiro em universidades caiu 2% e não acompanhou o crescimento de 67% do número de alunos. Os resultados são ainda mais precários em pesquisa e desenvolvimento, área em que o Brasil é o pior de uma lista de 36 países, com 0,4% do PIB investido.

O problema, adverte a OCDE, é que o ensino superior exerce um papel econômico determinante no Brasil. De acordo com a organização, o mercado de trabalho nacional é o que apresenta a maior diferença entre quem conclui e quem não conclui a faculdade. Além de enfrentar um desemprego menor, quem tem curso superior ganha salários melhores.

Para Nelson Cardoso Amaral, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), a queda do investimento precisa ser vista em relação ao aumento do número de matriculados. "Houve um aumento do investimento bruto, até por conta do Reuni (programa de expansão do ensino superior do governo Lula). Isso foi bom, porque muitos chegaram ao ensino superior. O problema é que os valores gastos não foram suficientes para que não baixasse o valor por aluno. Isso precisa ser cuidado, porque não podemos deixar a qualidade cair."

Outra má notícia é que o acréscimo de recursos na educação, também verificado em vários países emergentes, como a Rússia, não eliminou o retardo da área. No ensino pré-primário, a média de gastos anuais por estudante do Brasil foi a terceira pior dentre 34 países - de US$ 1.696, comparado a US$ 6.670 da média da OCDE. O mesmo déficit acontece no ensino primário, no qual o País investe US$ 2.405, contra US$ 7.719 da média, o quarto pior resultado entre os 35 países avaliados. A relação é pior no ensino secundário, no qual o investimento é de US$ 2.235 - o terceiro pior -, contra US$ 9.312 da média de 37 países avaliados.

Embora a taxa de escolarização tenha aumentado na última década, mais de um em cada cinco brasileiros entre 15 e 29 anos não vai à escola nem tem emprego. Para o autor do estudo, os dados relativos ao País revelam um cenário contraditório. Se o Brasil investe mais nos ensinos fundamental e médio, o mesmo não acontece no superior e na pesquisa. E a melhora dos índices é relativa, pois na maior parte dos parâmetros, o País não chegou ao padrão médio dos países reputados pela qualidade do ensino.

"Por registrar mais investimento, mais participação, mais alunos na escola, mais pessoas completando a formação, diria que o Brasil é o país mais dinâmico do relatório", disse Schleicher ao Estado. Para ele, o aumento do investimento no ensino básico é "um sucesso".

Mas mais dinheiro não é tudo. "Melhorar a qualidade é um ponto crítico que ficou para trás. Há indicadores positivos de que a qualidade melhora, mas ainda precisa avançar muito mais."

Sem comparação

Para o professor Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da USP, é preciso cuidado para que os números do aumento não sinalizem mais que a realidade. "Diferentemente das nações europeias, o Brasil ainda tem problemas como a carência de instalações físicas, crianças fora da escola. É claro que, nesse cenário, é preciso investir mais."

Uma comparação justa dos investimentos, explica, só será possível a médio prazo, quando o Brasil alcançar a universalização do atendimento - desde a creche até a Educação de Jovens e Adultos (EJA) -, infraestrutura básica, como o laboratório de ciências e plano de carreira docente. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.